11 de dez. de 2009

A POSTURA DA IGREJA NO CULTO


A POSTURA DA IGREJA NO CULTO
Referência: 1 CORÍNTIOS 11:1-34

INTRODUÇÃO:
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• O mundanismo dos crentes da igreja de Corinto transparece de diversas maneiras: divisões, imoralidade, contendas, orgulho. O mundanismo da igreja acabou afetando também o culto. Três problemas principais surgiram na igreja em relação ao culto: 1) A posição da mulher no culto; 2) A maneira como a Ceia do Senhor estava sendo celebrada no culto; 3) O correto uso dos dons espirituais no culto.
• Paulo no capítulo 11 trata dos dois primeiros problemas e nos capítulos 12 a 14 trata do último problema.
• Paulo começa elogiando a igreja (11:2). Essas tradições era o conteúdo da mensagem pregada por Paulo (11:23; 15:1; 2 Tm 2:2) que era repassada à outras pessoas. A tradição é a fé viva das pessoas que morreram e o tradicionalismo é a fé morta dos que estão vivos.

I. O COMPORTAMENTO DAS MULHERES NO CULTO – V. 3-16

1. Contexto cultural do véu
• Corinto ficava na Grécia e nesta província a manifestação religiosa mais popular eram as Religiões de Mistério. Nas religiões de mistério todos os membros eram do sexo masculino. As mulheres eram excluídas. As religiões refletiam o conceito que existia na Grécia, de que as mulheres eram inferiores aos homens. Achavam que as mulheres não precisavam de religião.
• A pregação de Paulo trouxe uma nova perspectiva para as mulheres. O evangelho veio para resgatar o valor, a dignidade e a igualdade da mulher (11:11; Gl 3:28). Mas as mulheres de Corinto saíram de um extremo para outro. Elas foram pisadas muitos anos. Agora queriam resgatar o tempo perdido e começaram dentro da igreja um movimento feminista. Queriam abolir o uso do véu, símbolo da submissão e da integridade da mulher. As mulheres cristãs de Corinto começaram um movimento de libertação da mulher. Elas exclamaram: “Abaixo o véu!” Elas saíam às ruas sem o véu. Até mesmo iam à igreja sem o véu. Você pode imagir a reação? Seria o mesmo que uma mulher cristã hoje ir à igreja com roupa sumária de banho. Por isso Paulo diz que aquela atitude era uma desonra para os maridos (11:5).
• Na Grécia as roupas dos homens e das mulheres eram muito parecidas. O que distinguia a mulher dos homens era o véu. Somente as prostitutas não usavam o véu. O véu era símbolo da dignidade e da modéstia feminina. Nenhuma mulher com auto-respeito saía de casa sem um véu. As profetisas pagãs do templo de Afrodite exerciam o seu ofício sem véu.
• Paulo trata sobre quatro temas neste parágrafo:
1.1. Submissão – v. 3-6
• O apóstolo Paulo mostra o padrão de relacionamento que Deus estabeleceu na comunidade cristã (11:3). A hierarquia divina é: Deus-Cristo-Homem-Mulher. A submissão não é uma questão de superioridade do homem ou inferioridade da mulher. A superiodade do marido em relação à esposa não é maior do qeu a de Deus em relação a Cristo. Mas assim como Cristo se submeteu ao Pai, a mulher deve se submeter ao marido como cabeça.
• As mulheres exerciam na igreja um ministério de oração e profecia (11:5). Mas, elas deveriam usar o véu como símbolo de submissão (11:5-6). Essa prática era usada na sociedade e por uma questão de não procar escândalo deveria manter-se também na igreja.
• Nas terras orientais o véu é o poder, a honra e a dignidade da mulher. Com o véu na cabeça ela pode ir a qualquer lugar com segurança e profundo respeito. Com o véu ela está protegida. Ela é suprema na multidão. Mas sem o véu, ela é vulnerável e exposto ao vexame. A cobrir a cabeça a mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade. Ao mesmo tempo, ela reconhece a sua subordinação.

1.2. Glória – v. 7-10
• O apóstolo Paulo fala que o homem é imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. E Paulo cita dois argumentos: 1) O argumento da origem – O homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem (11:8). 2) O argumento do propósito – O homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem (11:9).
• Mais uma vez Paulo, então, mostra a necessidade das mulheres reconhecerem a sua submissão aos seus maridos no culto público, usando o veu, sobretudo, em face da presença dos anjos (11:10). Os anjos não apenas estão presentes nos nossos cultos, mas eles aprendem com a igreja (Ef 3:10) e cobrem o rosto quando adoram a Deus (Is 6:2).
• O véu é um símbolo da autoridade que a mulher recebeu e que não tinha antes de orar e profetizar em culto público. Ao cobrir a cabeça, a mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade. Ao mesmo tempo, ela reconhece a sua subordinação.
• Paulo está ensinando a igreja a celebrar o culto com ordem e decência.

1.3. Interdependência – v. 11-12
• No Senhor não há superioridade do homem nem inferioridade da mulher. Ambos são um e ambos são interdependentes (11:11).
• Homem e mulher, têm sua origem um no outro (interpendência) e ambos devem a sua existência a Deus (11:12).

1.4. Natureza – v. 13-15
• Deus fez o homem e a mulher diferentes; portanto, eles devem viver essa diferença tanto no seu aspecto físico, sexual, corte de cabelo, uso de vestuário, bem como de papéis no casamento.
• Sem dúvida existem muitas convenções culturais quanto ao papel, ao trabalho e aos direitos do homem e da mulher que precisam ser aprimorados ou rejeitados. Como Criador, entretanto, o plano de Deus é que homens e mulheres tenham funções diferentes, embora complementares.
• O homem deve ser plenamente masculino e a mulher plenamente feminina.

2. O princípio da igualdade – v. 11-12
• O véu em si é amoral. Em si ele é neutro, nem bom nem mau. Só que em Corinto o véu significava um padrão de relacionamento e ele estavam sendo violado.
• Espiritualmente homens e mulheres são iguais (11:11-12). As mulheres falavam e oravam na igreja (11:4). Elas recebiam dons espirituais, mas elas queriam com isto romper o princípio da submissão (11:3, 7-9).

3. Aplicação Prática
• Paulo diz que as mulheres deveriam usar o véu. Nenhum aspecto cultural do nosso vestuário deve ser motivo de escândalo, como estava acontecendo em Corinto. O véu era mais que um símbolo de submissão, era sobretudo, um símbolo de modéstia e integridade moral.
• De cultura para cultura a definição de modéstia muda. Se Paulo tivesse de ensinar este princípio a uma de nossas igrejas no Ocidente, ele não diria às mulheres que usassem véu na igreja. O véu não faz parte da nossa cultura. Mas o princípio que ele representa deve permanecer. As mulheres precisam ser submissas aos seus maridos e precisam se vestir com modéstia e pureza.

II.PROBLEMAS COM RESPEITO À CEIA DO SENHOR – V. 17-34

1. As repreensões do apóstolo Paulo à igreja - v. 17-22
• Paulo acabara de fazer um elogio à igreja (11:2), mas agora a repreende severamente (11:17). As divisões na igreja haviam chegado a proporções alarmantes: além do culto à personalidade em torno de alguns líderes (1:12), agora Paulo mostra que havia também um certo esnobilismo odioso dentro da igreja (11:21), dos ricos em relação aos pobres.
• Os crentes estavam indo à igreja e voltando para casa piores (11:17). Eles estavam desprezando a igreja de Deus e envergonhando os pobres (11:22).

2. A deturpação da Festa do Amor – v. 17-22,33-34
• A festa do Amor era uma refeição que a igreja tinha antes da Ceia do Senhor. Os crentes se reuniam para participar de uma refeição em comum. Ele comiam, bebiam, repartiam, se confraternizavam e depois neste clima de comunhão, eles celebravam a ceia do Senhor.
• A Bíblia fala desta festa em Judas 12. No dia de celebrar-se a Ceia (domingo) servia-se uma refeição completa. Era uma comemoração da última ceia do Senhor, quando os elementos simbólicos eram servidos depois da refeição.
• Além de seguir o exemplo do Salvador, a festa do Amor era para os cristãos ricos uma oportunidade semanal regular para repartir um pouco seus bens materiais com os pobres. Todos traziam alguma coisa para comer na Festa do Ágape, mas proporcionalmente às suas posses. Assim os pobres poderiam participar de uma boa refeição pelo menos uma vez por semana. Depois deste banquete então, eles celebravam a Ceia.
2.1. Eles se ajuntavam para pior – v. 17 – O culto deles não estava centrado nem em Cristo nem no amor ao próximo, mas neles mesmos. Era um culto antropocêntrico. Era um culto do homem para o homem.
2.2. Eles reuniam, mas não havia harmonia no meio de deles – v. 18 – Havia divisões, partidos, cismas entre eles. Eles não tinham uma só alma, um só coração, um só sentimento, e um só propósito. Havia um ajuntamento, mas não comunhão.
2.3. Eles participavam dos elementos da Ceia, mas era a Ceia que eles celebravam – v. 20 – O cerimoniamento é um grande perigo. Deus não se impressiona com os nossos ritos, nossas cerimônias. Ele vê o coração do adorador. Eles celebravam a Ceia, mas para Deus aquilo que faziam não era a Ceia.
2.4. Eles eram esnobes orgulhosos – v. 21 – Os ricos comiam os melhores churrascos e bebiam os melhores vinhos até à embriaguez enquanto os pobres ficavam com fome. Eles feriam a comunhão. Humilhavam os irmãos pobres.
2.5. Eles se entregavam a excessos dentro da igreja de Deus – v. 21 – Enquanto deixavam os pobres passando fome, os ricos comiam, empanturravam-se e embebedavam-se num claro sinal de excesso e de falta de domínio próprio. A glutonaria e bebedeira são obras da carne. Eles se reuniam para pecar.
2.6. Eles desprezavam a igreja de Deus – v. 22 – Eles desprezavam a santidade de Deus, a santidade da igreja e o amor ao próximo.

3. O significado da Ceia do Senhor - v. 23-26

• A Ceia do Senhor está centralizada na obra expiatória de Cristo. Seu corpo foi partido e seu sangue foi vertido para a nossa redenção. O seu sangue é o selo da nova aliança, onde Deus perdoa os nossos os pecados e nos salva da ira vindoura pelos méritos de Cristo.
• A Ceia do Senhor é uma proclamação dramatizada de três verdades essenciais da fé cristã: 1) Olhando para trás: A morte de Cristo (11:26) – A cruz de Cristo é o centro da mensagem cristã. Não há evangelho sem a cruz de Cristo. Cristo ordenou que sua igreja relembrasse não seus milagres, mas sua morte. Devemos nos lembrar por que ele morreu, como ele morreu, por quem ele morreu. 2) Olhando para frente – A segunda vinda de Cristo (11:26) – Há um momento de expectativa em toda celebração da Ceia do Senhor. A segunda vinda de Cristo é a grande esperança do cristão num mundo onde o mal tem feito tantos estragos. 3) Olhando para dentro – O auto-exame – (11:28) – Não somos juizes dos outros, devemos examinar-nos a nós mesmos. Não devemos fugir da Ceia por causa do pecado, mas fugir do pecado por causa da Ceia. Examine-se e coma! 4) Olhando ao redor - (11:33-34) - Devemos procurar o Senhor e também os nossos irmãos. Devemos encontrar-nos com o Senhor e com os nossos irmãos. Na Ceia os céus e a terra se tocam.

4. Os perigos em relação à Ceia do Senhor – v. 27-32
• Paulo alista alguns perigos com respeito a Ceia do Senhor neste texto:

4.1. Participar da Ceia do Senhor indignamente – v. 27 – João Calvino entende que a nossa dignidade para participarmos da Ceia é a consciência da nossa indignidade. Indigno de participar da Ceia é aquele que assenta-se à mesa do Senhor de forma leviana, irrefletida e despreparada tanto doutrinariamente como comportamentalmente. Essa pessoa será réu do corpo e do sangue do Senhor. Será tido como culpado direto da morte de Cristo. O apóstolo Paulo está dizendo que quem participa da Ceia indignamente torna-se culpado de derramar o sangue de Cristo; isto é, coloca-se não do lado dos que estão participando dos benefícios de sua paixão, mas do lado dos que foram culpados por sua crucificação.

4.2. Participar da Ceia do Senhor sem discernimento - v. 28-29 – O crente precisa discernir o Corpo de Cristo partido na cruz – ou seja, a obra da redenção em seu favor e também precisa discernir o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja – A igreja de Corinto não estava amando uns aos outros. Portanto, ela não estava discernindo o corpo. A conseqüência da falta de discernimento do Corpo levou a igreja e comer e beber juízo para si: FRAQUEZA, DOENÇAS E MORTE (11:30).

4.3. Participar da Ceia do Senhor sem auto-julgamento – v. 31-32 – Não podemos ser frouxos conosco mesmos. Não podemos ser condescendentes com os nossos próprios erros. Devemos nos julgar a nós mesmos e nos corrigirmos. Devemos distinguir com clareza quem somos. Devemos ter uma correta auto-imagem (Sardes e Laodicéia). O juízo de Deus para o crente não é a perda da salvação nem a condenação eterna, mas a disciplina amorosa. Na vida do crente (fraqueza, doença e morte) podem ser disciplina de Deus para nos afastar de pecados mais terríveis e de consequências mais danosas. A disciplina de Deus visa sempre nos fazer voltar para Ele e nos livrar da condenação do mundo.
Ev.Rocélio Barros

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